A importância da informação no setor da saúde
Como sistema, o sistema de saúde, é um dos mais complexos sistemas e onde a presença do Estado impõe, pela própria natureza dos serviços que presta, uma especial responsabilidade quanto à viabilidade e à sustentabilidade das soluções para o futuro.
Apesar dos enormes avanços registados no passado recente ao nível das tecnologias da saúde, em especial na sofisticação tecnológica verificada na produção de medicamentos e nos equipamentos de diagnóstico e apoio à prática clínica, há muito por fazer no plano das soluções de tratamento da informação e na disponibilização de serviços mais simples e acessíveis ao cidadão.
Assim, as principais orientações e recomendações que os especialistas sugerem prendem-se com esta enorme prioridade de garantir informação segura, fiável e transparente ao cidadão, agindo também sobre os maiores constrangimentos que impedem um nível de serviço mais eficiente e de maior qualidade.
O racional da discussão pública que importa ao cidadão, muito simples e objetiva, pode sintetizar-se nas seguintes 4 questões:
O que é preciso fazer para que o cidadão disponha de informação fiável que permita melhorar a sua compreensão e pertença quanto ao sistema de saúde?
Como contribuir para que cada um de nós, e a sociedade no seu todo, seja armada com melhor informação, fazendo-nos compreender que o estado de saúde depende muito do comportamento individual e coletivo?
Como simplificar a vida do cidadão quando pretende interagir com o sistema de saúde e, em particular, com o SNS?
Como garantir a maximização dos impostos suportados pelos contribuintes quando investidos no setor da saúde?
Para responder a estas questões parece essencial apelar e recomendar o recurso intensivo à tecnologia, transformando progressivamente os processos atuais das organizações de saúde em processos digitais, aproveitando ao máximo as oportunidades de utilização dos Programas Comunitários, através dos quais se poderá apoiar uma nova vaga de projetos estruturais de modernização do país, que venham a permitir:
Que cada cidadão tenha definitivamente o direito ao seu Registo de Saúde Eletrónico que lhe permitirá circular com grande liberdade entre os diferentes prestadores de cuidados de saúde, ao mesmo tempo que os dados anónimos de todos os cidadãos (Big Data) ajudarão a melhorar o conhecimento epidemiológico da população e, por essa via, permitir o desenho apurado de programas de promoção da saúde e prevenção da doença, em especial a crónica;
Que se continue a luta contra o desperdício e pela melhoria da eficiência, promovendo a partilha de informação relevante entre instituições, facilitem o acesso e melhorem a qualidade da resposta. A implementação de uma plataforma de partilha de resultados analíticos e imagens médicas é uma prioridade absoluta pela oportunidade de melhoria de resposta ao cidadão e pela qualidade dessa mesma resposta. O combate ao desperdício de exames realizados, que não são portáveis até agora entre os cuidados primários e intrainstituições hospitalares, públicas ou privadas e sociais, é outra das razões fundamentais;
A total transparência da informação pública de saúde, melhorando a accountability do sistema, através da publicação e disponibilização simples, clara e percetível para todos os cidadãos, da informação relativa às componentes e dimensões de saúde pública, da produção e produtividade das instituições e dos indicadores financeiros e de gestão das organizações públicas;
A plena agilização de todos os processos em que o cidadão interage com o sistema de saúde, seja na marcação de atos clínicos, no acesso à informação sobre o seu lugar em cada processo em que esteja envolvido, no acesso aos resultados e registos em seu nome e na desmaterialização crescente de todos os processos administrativos que o ligam ao SNS;
O impacto e alcance destes objetivos, focados no cidadão, constituirá uma desejável onda de choque, de assinalável dimensão, que induzirá uma mudança profunda nos processos e nas estruturas do sistema de saúde.
In “INICIATIVA PARA A INFORMAÇÂO CENTRADA NO UTENTE DO SISTEMA DE SAÚDE”
Grupo Técnico para a Informação em Saúde
Ministério da Saúde, Fevereiro de 2015